quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Quanto você vale?*

Jaqueline Negreiros

Como as pessoas se vendem e por tão pouco.O que mais conta na sociedade capitalista é quem tem mais dinheiro e as pessoas acabam trocando seus valores (se é que um dia os tiveram) por qualquer coisa que possa ser rentável.As amizades giram em torno de quem "pode"mais, a família é deixada em segundo plano em nome de uma pseudo-segurança para o futuro , as crianças abandonadas em creches sob a justificativa da "necessidade" e o lazer é entendido como tempo "perdido" ou dinheiro "gasto à toa". Pais que se acabam de tanto trabalhar para manter suas famílias perdem a noção do que realmente é importante. Gabam-se de ficar até tarde num trabalho quase desumano ostentando um sorriso que pareça sinônimo de felicidade - pois quanto mais se trabalha mais se ganha, quanto mais ganha mais dinheiro tem e, quanto mais dinheiro mais rico pensa que é... Mas não sentem vergonha de deixar seus filhos se criarem sozinhos por pura ambição. Não se importam de trocarem seus grandes sonhos por míseros "trocados" porque mais vale uma moeda na mão do que a felicidade de um sonho incerto.Não se importam de "assassinar" almas em busca de seus objetivos.Tudo é justificado em nome do dinheiro. E para aliviar a consciência (consciência???), para ter a ilusão de que estão vivendo uma vida com sentido, rodeiam-se de pessoas que pensam da mesma maneira para que não haja possibilidades de questionamentos e a "paz" possa ser mantida... e a vida "vivida". Pessoas que acabam achando normal um político ser corrupto, afinal, tudo na política "é assim mesmo", mas quando se trata de um mendigo dormindo na rua pensam que estes "deveriam ser queimados"; acham normal uma mulher se vender posando nua para revistas masculinas sob o pretexto de " artístico"(perdeu-se a noção de arte!), mas apedrejam uma prostituta por vender o seu próprio corpo, pois ela não é uma celebridade; ridicularizam o diferente, o que não entendem e idolatram o senso comum, mesmo que este fira seus próprios princípios.
Estamos na Era da hipocrisia, da inversão de valores, da alienação total... E todos comentam sobre tudo, sobre todos, sobre algo mais... sempre são os mais "espertos" e não sabem nem quem são...é um cenário deprimente. Dê-lhes algumas "migalhas" e se darão por satisfeitos.

* Não confunda "valor" com "preço"!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Mídia alucinógena

Jaqueline Negreiros

Parece que ao olhar o mundo atual, a nostalgia vem à tona. É comum ouvir os mais velhos relatarem com saudade os idos tempos. Tempos em que a família era sólida, o sexo era conversa restrita aos adultos e a autoridade paterna era inquestionável. Dias em que a futilidade, imagem e o consumismo desenfreado não eram cultuados. É fato que o interesse humano pela intimidade alheia não é de hoje, mas é imprescindível analisar como o capitalismo globalizado e a mídia têm potencializado os fetiches da massa e deturpado a noção dos valores.
Quanto aos programas de TV há praticamente um consenso de que o seu conteúdo é fútil. Mas parece que futilidade vende e muito bem, obrigada.
Não é preciso ser nenhuma estudiosa da mídia de massa para pintar tal quadro. Se a comunicação é uma ferramenta tão poderosa, seu mecanismo não pode ser negligenciado. Neste caso, tão importante quanto saber o que acontece, é saber o porquê. Torna-se inevitável entender o homem pós-moderno, seu pensamento, seu modo de olhar o mundo.
A sociedade ocidental nos últimos séculos tem mudado radicalmente o seu conceito de mundo. Na Idade Média a religião era o centro de tudo, ela regulava a moral e oferecia parâmetros para o homem de sua época. No decorrer dos séculos vieram o existencialismo e o iluminismo, período em que o foco foi tirado da divindade e colocado no próprio ser humano, em seu conhecimento, em sua razão.
Mas, o homem moderno, frustrado com a ineficácia de suas ideologias radicais e com a ausência de respostas científicas para os seus anseios, adere ao relativismo. Agora, não existe mais o centro de tudo. Cada indivíduo tem o seu. O ser humano vê-se então numa crise existencial. Busca referenciais, modelos, paradigmas. Não os encontra, pois "tudo é relativo".
A mídia de massa surge então, com as respostas existenciais tão almejadas. Se a religião, a razão e o próprio homem não são referenciais, a mídia deve oferecê-los. Nasce, assim, a sociedade do espetáculo,da alienação, na qual o indivíduo comum tem nos artistas do espetáculo os seus referenciais. Este show na vida real tem como palco a mídia; tudo que é ditado por ela como "certo" e os que por ela são apontados como celebridades, assim tornam-se.
Esta crise existencial humana não busca modelos apenas naqueles consagrados na mídia, mas também nos celebrizados por ela. Daí se explica o sucesso dos "barracos" da TV, onde gente comum se torna uma estrela por expor em alguns minutos, de forma vulgar, sua intimidade.
A TV tornou-se o ópio da sociedade. Atua com propriedades "alucinógenas" que bloqueiam a capacidade de raciocínio tendendo a encaminhar os índivíduos viciados à um estado "vegetativo". As constatações são irrefutáveis. Salvo algumas "drogas terapêuticas" - alguns documentários e programas educativos - que possuem o intuito de "injetar" nos indivíduos um pouco de "consciência" mesmo que em "doses homeopáticas".
Assistí-la é "viajar" num sonho produzido por ditadores da moda e de ideologias da elite capitalista. É delirar numa "realidade" virtual, num cenário formado por imagens e conceitos selecionados por outrem. É substituir a vida tangível pela inatingível, é consumir passivamente as imagens e as idéias impostas por elas. É conformar-se com a forma em detrimento ao conteúdo. É preferir viver de ilusão do que cair na real.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Querido Sr. Presidente

Cantora que eu admiro muito com uma música linda que fala por si só...



Pink

Querido Sr. Presidente
Venha dar uma volta comigo
Vamos fingir que somos apenas duas pessoas e
Você não é melhor do que eu
Eu gostaria de fazer-lhe algumas perguntas se pudermos conversar honestamente

O que você sente quando vê tantas pessoas sem lar nas ruas?
Por quem você reza a noite antes de dormir?
O que você sente quando olha no espelho?
Você está orgulhoso?

Como você dorme enquanto o resto de nós chora?
Como você sonha quando uma mãe não tem a chance de dizer adeus?
Como você anda com a cabeça erguida?
Você pode pelo menos me olhar nos olhos
E me dizer porquê?

Querido Sr. Presidente
Você era um garoto sozinho?

Você é um garoto sozinho?
Como você pode dizer
Que nenhuma criança é deixada para trás
Nós não somos bobos e não somos cegos
Eles estão todos sentados em suas celas
Enquanto você financia o caminho para o inferno

Que tipo de pai tiraria os direitos da própria filha?
E que tipo de pai poderia odiar a própria filha se ela fosse gay?
Eu posso só imaginar o que a Primeira-dama tem a dizer
Você veio de um longo caminho de uísque e cocaína

Como você dorme enquanto o resto de nós chora?
Como você sonha quando uma mãe não tem a chance de dizer adeus?
Como você anda com a cabeça erguida?
Você pode pelo menos me olhar nos olhos?

Deixe-me te dizer sobre trabalho duro:
Salário minimo com um bebê a caminho
Deixe-me te dizer sobre trabalho duro:
Reconstruir sua casa depois que as bombas a levaram embora
Deixe-me te dizer sobre trabalho duro:
Construir uma cama com caixas de papelão
Deixe-me te dizer sobre trabalho duro
Você não sabe nada sobre trabalho duro

Como você dorme a noite?
Como você anda com a cabeça erguida?
Querido Sr. Presidente
Você nunca daria uma volta comigo...
Daria?

sábado, 26 de janeiro de 2008

Mães















Mães, geralmente é a vocês que cabe a educação dos filhos,
sobretudo no capítulo modos à mesa, arrumação do quarto etc.
Não sejam preguiçosas! É mais fácil fazer que ensinar.
Mas tenham coragem, ensinem.
E comecem cedo para que os bons hábitos se tornem uma segunda natureza e não um procedimento para se ter só na frente das visitas.
Seja rigorosa! Eles vão te odiar às vezes.
Você vai querer esganá-los freqüentemente. Faz parte entre as pessoas que se amam.Mas um belo dia alguém vai dizer o quanto seu filho é educado,prestativo, gentil, querido. Você vai desmaiar de surpresa e felicidade.
Eu nunca me esqueço daquela história da mãe que se dirigiu a uma especialista em boas maneiras para saber com que idade ela deveria colocar seu filho no curso. Ao saber que o filho estava com três meses de idade ela respondeu: “Mas talvez já seja muito tarde!”.
Não morra de vergonha se seu filho der um vexame na frente dos seus amigos.
Não valorize os erros nem dê bronca em público.
Nunca trate a criança com se ela fosse uma débil mental, elas entendem tudo!
Use sempre um bom vocabulário. Isso aumenta a capacidade lingüística das crianças e não fique para morrer de culpa se algum dia precisar frustrar seu filho, tipo promessa que não pode ser cumprida,etc.Apesar do que dizem os especialistas, uma frustraçãozinha de vez em quando prepara a criança para aprender a suportá-las quando no decorrer da vida elas infelizmente acontecerem.
O palavrão. É dito por todos. Até em televisão, escrito nos jornais, etc. Pretender que uma criança não repita é puro delírio. Vamos moderar. Mas a regra de ouro seria: palavrão na linguagem corriqueira uma coisa, mas não pode ser usado jamais na hora da raiva, da briga. Isso vale também para os adultos.
Ensinem, obriguem seus filhos a cuidarem da bagunça que fazem.
O copo de Coca-Cola? De volta pra cozinha. A revistinha que acabou de ler? Para o quarto. Os milhares de papeizinhos de Bis? Amassar e jogar no cinzeiro.A lista não tem fim porque a imaginação de uma criança para instalar o caos onde quer que esteja é também infinita.
Alguns mandamentos:
Não sair pra se servir correndo na frente dos outros. O ideal, aliás, seria que as crianças até certa idade fizesse mas refeições antes dos adultos, com as mães ali ao lado,patrulhando as boas maneiras.Não deixar cair um grão sequer na mesa. Não encher demais o prato. Há fome no mundo, etc, etc...
Se encher que coma tudo. A partir dos cinco anos, não cortar a carne toda de uma vez.Cinco? Talvez eu tenho exagerado. Sete.Não misturar carne com peixe. Macarrão com farofa, etc. isso é cultura.
Pedir licença pra se levantar quando a refeição terminar, pode alegar que precisa estudar, para evitar aquela tortura de ficar na mesa até a hora do café. Um suplício.
Não bater a porta do quarto com estrondo nem quando brigar com o irmão. Só gritar se for por mordida de cobra. Ou ficar mudo ou estático dentro do elevador.
Não chamar a amiga da mãe de tia. Alias não chamar ninguém de tia a não ser as tias de verdade. E só pra deixar bem claro: tia Rosina, tia Helena, nunca tia só.
Eu adoro bebes! Quando começa a idade da correria, eu confesso que já adoro um pouco menos. Eu tenho que dizer isso bem baixinho pra não ofender as mães.
Vamos então falar dessa fase sublime:
Elas gostam de passar no espaço de quinze centímetros que existe entre o sofá e a mesa, brincam de pique numa sala de dois por três. Colocam a cadeira na frente da televisão, se penduram nos lustres, pintam as paredes da sala, o teto e etc, etc e tudo aos gritos. Eu penso que esta talvez seja a fase de maior energia do ser humano.
Ah, é a idade das guerras de travesseiros, das almofadas que voam pela janela. Jovens pais adoram essas traquinagens. Tudo bem. Mas não ache tão estranho se alguns de seus amigos não curtirem tanto quanto você essa fase tão adorável dos seus filhotes. Crianças são difíceis mesmo, é preciso muita paciência pra agüentar o que elas freqüentemente aprontam.
Mas as crianças crescem, e um dia querem trazer a namorada pra dormir em casa. Dinheiro para o Motel só se você der. Então o que fazer? Claro, a gente compreende a situação mas francamente, ter que cruzar no corredor com a gatona despenteada de camiseta e escova de dente na mão talvez perguntando:“Tia, dá pra me emprestar uma escova de cabelo?” OK, dá. Mas e se você tem três filhos? Vão ser três gatonas? Acho que eu liberaria a casa nos fins de semana e iria dormir no sofá da casa da minha mãe, de um amigo, no banco da praia, deixando a garotada à vontade. Eles e eu numa boa. Mas só ate domingo às dezenove horas, nem um minuto a mais.
Mesmo os filhos mais modernos costumam ser caretésemos em relação as suas próprias mães.
Portanto, vá anotando, na frente dos filhos:
Mãe não namora, não toma mais de um drink, não fala que acha o Jeff Bridge um tesão. Perdão! Mãe não pronuncia essa palavra. Nem sabe o que quer dizer. Não usa mini-saia, não pode adorar Madona, só pode gostar de Roberto Carlos, Julio Iglesias.
Eles te amam, mas essas preferências sempre incomodam.Nem amigos comuns se deve ter por precaução.
Portanto quando o destino colocar vocês na mesma festa, pareça o que eles querem que você seja, anule-se. Tenha pouca, pouquíssima personalidade. Faça o tipo distinto e alegre, se possível, use uma peruca grisalha. Seja discreta e assexuada, tenha poucas opiniões, se enturme com os mais velhos e trate os mais jovens como se fosse assim uma tia simpaticona, nada mais. Ria das historias deles enão conte nenhuma sua. Mãe não tem passado. Só fale de receitas, crianças, se ofereça pra levar um vestidona costureira pra consertar, tenha bons endereços pra fornecer.Dicas de cozinha, conte como era o mundo do seu tempo, seus filhos vão adorar e depois dessa festa, vá correndo tomar um whisk duplo no bar do Bonju pra não ter um enfarte.
Em compensação, na frente dos netos, faça tudo que não deve e muito mais!
Netos costumam adorar avós, digamos, fora dos padrões. É que eles sabem que vão poder contar com elas como fortes aliadas nas crises de caretice dos pais. Cruel? Não... apenas verdade.
E mais: Isso é que faz o Equilíbrio da Vida.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Poder do Pensamento


Masaru Emoto, cientista japonês, demonstrou como o efeito de determinados sons, palavras, pensamentos, sentimentos alteram a estrutura molecular da água.A técnica consiste em expor a água a esses agentes, congelá-la e depois fotografar os cristais que se formam com o congelamento.

Se um simples obrigado muda uma molécula de água, imaginem o que uma prece, palavras de amor, fraternidade, encorajamento, amizade, podem fazer percorrendo nosso corpo carregado de água.

Se acontece fora do nosso corpo, ocorrerá dentro dele também, cada vez que agirmos com amor e retidão!Mas convém lembrar que o inverso também ocorrerá com palavras ou sentimentos de ódio, inveja, vingança,etc. E é com isso que a gente pode adoecer, com água carregada de energia má e destrutiva.

Muitas doenças começam a partir de nós!

Contudo, se quisermos, tudo acabará a partir de nós também!

Assim sendo, Se água poluída faz mal à saúde, pensamentos e palavras ruins também o fazem!

Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus

*

trechos do livro de
JOHN GRAY

As mulheres precisam entender que quando ele está silencioso, ele está dizendo "Eu ainda não sei o que dizer, mas estou pensando nisso". Em vez disso, o que elas escutam é "Eu não estou respondendo a você porque eu não me importo com você e eu vou ignorá-la. O que você me disse não é importante e por esse motivo não estou respondendo".
As mulheres interpretam mal o silêncio de um homem. Dependendo de como está se sentindo naquele dia, ela pode começar a imaginar o pior - "Ele me odeia, ele não me ama, ele está me deixando para sempre".
Isso pode, então, acionar seu medo mais profundo, que é "Eu tenho medo de que se ele me rejeitar, então eu jamais serei amada. Eu não mereço ser amada".
Quando um homem está em silêncio, é fácil para uma mulher imaginar o pior porque os únicos momentos em que uma mulher ficaria em silêncio seriam quando o que ela tivesse a dizer fosse muito lesivo ou quando ela não quisesse falar com uma pessoa porque não mais confiasse nela. Não é de se admirar que as mulheres fiquem inseguras quando um homem de repente fica calado!
Eles podem sentir que intimidade demais rouba-lhes a força. Eles precisam regular o quanto se aproximam. Quando se aproximam demais de modo a se perder, disparam campainhas de alarme e se põem a caminho da caverna. Como resultado, ficam rejuvenescidos e encontram seu eu amoroso e poderoso de novo.Fazer um homem se sentir errado por ir para dentro de sua caverna tem o efeito de empurrá-lo de volta, mesmo quando ele quer sair.
Minha esposa, Bonnie, algumas vezes usa essa técnica. Quando vê que estou na minha e caverna, ela vai às compras.Quando ela estiver aborrecida por sua tendência de isolamento, ele pode desistir da caverna numa tentativa de satisfazê-la. Eis um grande erro. Se ele desistir da caverna (e negar sua verdadeira natureza), se tornará irritadiço, excessivamente sensível, defensivo, fraco, passivo ou intratável.E para piorar as coisas, não saberá por que se tornou tão antipático.
A maioria das mulheres fica surpresa ao se dar conta de que, mesmo quando um homem ama uma mulher, periodicamente ele precisa se afastar antes de poder se aproximar.
Os homens instintivamente sentem esse impulso de se afastarem. Não é uma decisão ou uma escolha. Simplesmente acontece. Não é nem culpa dele nem dela. É um ciclo natural.As mulheres interpretam mal o afastamento de um homem porque uma mulher geralmente se afasta por razões diferentes. Ela se retrai quando não confia nele para entender seus sentimentos, quando foi machucada e tem medo de ser machucada de novo, ou quando ele fez alguma coisa errada e lhe desapontou. Certamente um homem pode se afastar pelos mesmos motivos, mas ele também se afastará mesmo que ela não tenha feito nada de errado. Ele pode amá-la e confiar nela, e de repente começar a se afastar. Como um elástico esticado, ele vai se distanciar e então voltar por si só.Um homem se afasta para satisfazer sua necessidade de independência e autonomia.
Quando um homem volta, ele retoma o relacionamento no mesmo grau de intimidade em que estava antes de se esticar para longe. Ele não sente nenhuma necessidade de um período de readaptação.
Se compreendido, esse ciclo masculino de intimidade enriquece o relacionamento, mas como é mal compreendido, ele cria problemas desnecessários.Se um homem não tiver a oportunidade de se afastar, ele nunca terá a chance de sentir seu forte desejo de estar perto. É essencial que as mulheres entendam que se elas insistirem em intimidade constante ou "correrem atrás" do seu parceiro íntimo masculino quando ele se afastar, então ele ficará quase sempre tentando escapar e se distanciar; ele nunca terá uma chance de sentir seu próprio desejo apaixonado por amor.
Comumente eu ouço a reclamação "Toda vez que quero conversar, ele se afasta. Sinto como se ele não se importasse comigo". Ela conclui erroneamente que ele não quer conversar com ela nunca.
Essa analogia com o elástico explica como um homem pode se preocupar muito com sua parceira, mas de repente se afastar. Quando ele se afasta, não é porque ele não queira conversar. Ao contrário, ele precisa de algum tempo sozinho; tempo para ficar consigo mesmo, para não ser responsável por ninguém mais. É um tempo para cuidar de si mesmo. Quando ele retornar, então estará disponível para conversar.Até um certo ponto um homem se perde de si mesmo ao entrar em conexão com sua parceira. Sentindo as necessidades, problemas, vontades e emoções dela, ele pode perder contato com seu próprio sentido do eu. Afastar-se permite-lhe restabelecer seus próprios limites e satisfazer sua necessidade de se sentir autônomo.
Do mesmo modo que nós não decidimos ficar com fome, um homem não decide se afastar. É um impulso instintivo. (...) Entendendo esse processo, as mulheres podem começar a interpretar esse afastamento corretamente.Esse ciclo natural do homem de se afastar pode estar obstruído desde sua infância.
Ele pode ter medo de se afastar porque testemunhou a desaprovação de sua mãe ao distanciamento emocional de seu pai.
Tal homem pode nem notar que precisa se afastar. Pode inconscientemente criar discussões para justificar seu afastamento. Esse tipo de homem desenvolve mais o seu lado feminino, mas à custa da repressão de um pouco o seu lado masculino. Ele é um homem sensível – Ele tenta bastante agradar e ser amável, mas perde parte do seu eu masculino no processo.
Ele se sente culpado em se afastar, sem saber o que aconteceu, perde seu desejo, poder e paixão; torna-se passivo e excessivamente dependente.
Entender esse ciclo de intimidade masculino é tão importante para um homem quanto para uma mulher. Alguns homens se sentem culpados por terem necessidade de passar algum tempo em suas cavernas ou podem ficar confusos quando começam a se afastar e então, mais tarde, se encolhem de volta. Eles podem erroneamente julgar que alguma coisa está errada com eles.
Por isso é importante tanto para homens quanto para mulheres entender esses segredos sobre homens.
Sandra e Larry estavam casados há vinte anos. Sandra queria o divórcio e Larry queria tentar ainda fazer com que o casamento desse certo. Ela disse "Como é que ele pode dizer que quer continuar casado? Ele não me ama. Ele não sente nada. Ele se afasta toda vez que preciso que ele fale. Ele é frio e sem coração. Por vinte anos ele tem contido seus sentimentos. Eu não estou disposta a perdoá-lo. Eu não permanecerei nesse casamento. Eu já estou cansada de tentar fazê-lo se abrir e compartilhar seus sentimentos e ficar vulnerável".
Sandra não sabia como tinha contribuído para o problema deles. Ela pensava que era tudo culpa do seu marido. Julgava que tinha feito de tudo para promover intimidade, conversa e comunicação, e que ele tinha resistido a ela por vinte anos. Depois de ouvir sobre homens e elásticos no seminário, ela caiu em prantos, pedindo perdão para o seu marido. Ela se deu conta de que o problema "dele" era problema "deles", homens.
Numa sessão particular de aconselhamento, Lisa me contou, "Não é mais divertido ficar com ele. Eu tentei de tudo para animá-lo, mas não funciona. Quero que façamos coisas divertidas juntos, como ir a restaurantes, fazer compras, viajar, ir ao teatro, festas, e dançar, mas ele não. Nós nunca fazemos nada. Só assistimos televisão, comemos, dormimos e trabalhamos. Eu tento amá-lo, mas estou com raiva. Ele costumava ser tão charmoso e romântico! Viver com ele agora é como viver com uma lesma.Não sei o que fazer. Ele simplesmente não arreda pé!"
Depois de aprender sobre o ciclo de intimidade masculino - a teoria do elástico - tanto Lisa quanto Jim se deram conta do que tinha acontecido. Eles estavam passando tempo demais juntos. Jim e Lisa precisavam passar mais tempo separados.

Um de nós

letra de música - Hiper Fly

E se Deus for um de nós, tão comum quanto um de nós, caminhando sob o sol, no meio da multidão?




E qual seria? se Deus tivesse um nome como chamaria?
E se ele aparecesse na sua janela pra lhe pedir trocados
você negaria e olhava pra outro lado?

Refrão: yeah, yeah quem é Deus
yeah, yeah Deus é bom

E se Deus for um de nós, tão comum quanto um de nós,
caminhando sobre o sol no meio da multidão?
Se Deus falasse que língua falaria?
E se tivesse face que cor ele seria?
E se lhe desse a chance de perguntar o que você perguntaria?
E se ele fosse negro?

Instantes

Jorge Luís Borges

"Se eu pudesse viver minha vida novamente, a próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito: relaxaria mais. Seria mais tolo do que tenho sido e, levaria mais a sério pouquíssimas coisas.

Seria menos higiênico, correria mais riscos, faria mais viagens, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria em rios. Iria a lugares onde nunca estive antes. Comeria mais doces e menos verduras, teria mais problemas reais, e menos problemas imaginários...

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e prolificamente cada minuto de minha vida.
E, é claro, em meio disso, tive certos momentos de alegria.
Mas, se eu pudesse voltar atrás, trataria de ter somente bons momentos.
Pois, se não sabes, é disso que a vida é feita.
Momentos......

E não perca pôr favor, nunca o aqui e o agora. Eu era um desses que não iam a nenhuma parte, sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuvas e um pára-quedas.

Se eu pudesse voltar a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria pôr andar descalço desde o início da primavera e seguiria assim até terminar o outono. Daria mais voltas pelas pequenas ruas, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se eu tivesse outra vez a vida pela frente.

Mas perceba... tenho oitenta e cinco anos... e sei que estou morrendo."

Sobre o dinheiro

Se você acha que será feliz somente quando tiver muito dinheiro, lamento dizer que isso é pura ilusão. A felicidade se constrói no dia-a-dia, a cada momento. E dinheiro não é um objetivo, não é a felicidade. Dinheiro é como um cupom que lhe proporciona meios de curtir aquilo que você ama ou aprecia muito.


"Ele pode comprar uma casa, mas não um lar.
Ele pode comprar uma cama, mas não o sono.
Ele pode comprar um relógio, mas não o tempo.
Ele pode comprar um livro, mas não o conhecimento.
Ele pode comprar um título, mas não o respeito.
Ele pode comprar um médico, mas não a saúde.
Ele pode comprar o sangue, mas não a vida.
Ele pode comprar o sexo, mas não o amor."
(ensinamento chinês)

Junto com teu sonho

*

letra da música - Debora Blando

No mundo vão tentar tirar o seu valor
pois não conseguem compreender sua busca interior
E tentam te impedir,
e tentam te roubar o brilho que você guardou no olhar
Mas ainda crê que a seguir deve ir
Junto com teu sonho onde ele quer estar
e se você não desistir irá encontrar
onde mora o sonho, onde juntos vão brilhar
num lugar que é só seu sem solidão, no coração
Junto com teu sonho
Há algo em você que ninguém vai tirar
É a fé pra prosseguir e pra sonhar
e ainda crer que a seguir deve ir
Junto com teu sonho onde ele quer estar
num lugar que é só seu sem solidão, no coração
Junto com teu sonho vá onde manda o coração
E encontrará alguém que irá tocar a sua mão
E se você não desistir irá encontrar
Junto com teu sonho onde juntos vão brilhar
num lugar que é só seu sem solidão,no coração
Junto com teu sonho...

A Lei da Atração

A Lei da Atração pode ser definida da seguinte maneira:

“Atraio para a minha vida qualquer coisa à qual dedico atenção, energia e concentração, seja em termos positivos ou negativos!”


Nunca espere algo que não deseja, e nunca deseje algo que não espera. Quando você espera algo que não quer, está atraindo o indesejado, e quando deseja algo que não espera, está simplesmente dissipando a valiosa força mental. Por outro lado, quando você está na constante expectativa de algo que deseja persistentemente, sua habilidade para atrair se torna irresistível. A mente é um ímã e atrai o que quer que corresponda ao seu estado dominante.
Você é um ímã vivo: você atrai para a sua vida pessoas, situações e circunstâncias que estão em harmonia com seus pensamentos dominantes. Qualquer coisa em que você se concentre em nível consciente se manifesta em sua experiência.
Em suma, uma vibração equivale a um estado de espírito ou a um sentimento.
POR QUE SE DÁ TAMANHA ÊNFASE ÀS PALAVRAS?As palavras estão por toda parte. Nós as pronunciamos, lemos, escrevemos, pensamos, vemos, digitamos e as ouvimos em nossa mente.
Seus pensamentos são feitos de palavras. Existe uma conexão poderosa entre vibrações positivas e negativas, seus pensamentos e suas palavras.
A Lei da Atração reage exatamente como a sua mente: ela ouve o que você NÃO quer. Quando você se ouve dizendo alguma coisa que contenha a palavra não, você está efetivamente investindo atenção e energia naquilo que NÃO quer.
Para saber se está emitindo vibrações positivas ou negativas a respeito de algo, dê uma olhada nos resultados que tem obtido nessa área da sua vida. Eles são o reflexo perfeito daquilo que você está vibrando.
Intensificar (aumentar) a sua vibração significa simplesmente dar, ao seu desejo, uma atenção, uma energia, uma concentração mais positivas. Ao lhe dar uma atenção positiva, você estará incluindo a vibração desse desejo em sua vibração do momento.A Lei da Atração lhe dá mais daquilo a que você dedica atenção, energia e concentração. No entanto, se você identificar o seu desejo e não lhe der atenção, energia e concentração, não haverá nenhuma manifestação. Ela não responde às palavras, mas sim ao sentimento provocado em você pelas palavras utilizadas.
A Lei da Atração está sempre respondendo.A sua tarefa é, portanto, cuidar de sua vibração e fazer com que as conversas que tem com as pessoas sejam mais otimistas e positivas. E você pode fazer isso lembrando de perguntar, delicadamente, "Então, o que você realmente quer?", ajudando, assim, as outras pessoas a conseguirem uma vibração mais positiva e, portanto, mais elevada.Compreender o que você não quer vai ajudá-lo a gerar mais Clareza quanto ao que você quer, e essa Clareza vai se tornar o seu novo desejo! A maneira mais fácil de fazer isso é perguntar a si mesmo: "Então, o que eu realmente quero?" Parece bem simples, e é mesmo! Quando você muda o foco de sua observação do que você não quer para o que você quer, a vibração muda. Quando você muda sua vibração, os resultados vão mudar!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Formulando objetivos

"Todo bom desempenho começa com objetivos claros."

1. Objetivos devem ser formulados em termos positivos.
Muitas vezes costumamos ter em mente aquilo que não queremos ter ou ser, e por isso temos necessariamente que passar pelo estado negativo antes de atingir o Objetivo.
Portanto deve-se indicar o Objetivo na afirmativa.
2. Objetivos devem ser formulados no presente e serem específicos.
Imagine comportando-se como se já o tivesse alcançado, quanto mais ricas suas descrições, mais o cérebro terá dados para se direcionar.
3. Objetivos devem ser iniciados e mantidos por você.
Todo objetivo cuja base for colocada no outro tende a fracassar, você não pode esperar que o outro faça você feliz.
4. Objetivos devem ter seu tamanho definido.
Se o Objetivo for muito genérico, seja mais específico, procure fazer uma lista de prioridades.
Se o Objetivo for muito grande, divida-o em etapas, para saber se está caminhando na direção certa.
Especifique o tempo a ser gasto em cada uma das partes.
5. Verifique : se esta indo em direção ao seu Objetivo, em qual contexto você quer o Objetivo, como reconhecer que alcançou o Objetivo.
Quais os primeiros passos que indicaram que você está indo em direção ao seu Objetivo?
Onde, quando e com quem vai querer estar quando atingi-lo ?
O que você vai ver, ouvir e sentir quando tiver alcançado o Objetivo ?
6. Limitações
O que lhe impede de alcançar o Objetivo desejado ?
Quais são suas crenças limitantes ?
Existe alguma parte dentro de você que se opõe a que você alcance seu Objetivo ?
Converta as limitações em Objetivos intermediários.
7. Recursos
Quais as crenças, as capacidades, habilidades e recursos internos e externos você já possui ?
Que recursos adicionais serão necessários para você alcançar seus Objetivos ?
8. Flexibilidade
Que maneiras você tem para alcançar seu Objetivo ?
Quais as alternativas mais viáveis ou importantes ?
9. Verificação Ecológica
Para que você quer este Objetivo ?
O que você ganhará quando realizar este Objetivo ?
Este Objetivo poderia trazer prejuízos a você ou a outras pessoas ?
De que maneira o fato de você alcançar este Objetivo vai afetar sua Vida ?

Lembre-se, você se movimenta em direção àquilo em que
pensa constantemente.
Anthony Robbins

Não somos perturbados pelas coisas,
mas pelas opiniões que temos sobre elas.
Epíteto

Modelos e crianças

Jaqueline Negreiros

Um dos fatores que moldam o caráter do ser humano é um modelo.
As crianças tomam como modelo o comportamento dos pais, já os adolescentes escolhem um ídolo.
A necessidade de seguir um modelo está profundamente enraizada na psique do ser humano. Um modelo é algo a ser copiado. Através do modelo maternal o ser humano aprende o básico para a sua sobrevivência, e o homem aprende a base da vida social.Todos os alicerces culturais, políticos e morais sedimentados ao longo dos séculos precisam ser aprendidos pelo pequeno ser antes que ele possa ser considerado civilizado.
Portanto, prestemos atenção em primeiro lugar ao nosso comportamento, pensando que nossos filhos vão, sim, copiar as nossas atitudes.
Se queremos que as crianças falem em português correto, como falaremos em gírias e palavrões ? Se queremos que sejam tranquilos, como correremos esbaforidos de um lado para outro, gritando uns com os outros e apressando-os com "Vamos! Ande Logo!" ?
Há que se ter coerência.
Analisemos os valores que queremos passar para nossas crianças e verifiquemos se estamos vivendo de acordo com eles. Tenhamos a coragem de mudar o que for preciso ser mudado.

Os 7 Mandamentos...

... para criar o seu futuro com sucesso.
(Dr. Tad James)

1. O primeiro mandamento a ser seguido é:
"Responsabilize-se por onde você se encontra."


2. O segundo mandamento a ser seguido é:
"Tenha claro seus valores".


3. terceiro mandamento a ser seguido é:
"Escreva o que você quer".


4. O quarto mandamento a ser seguido é:
"Remova memórias passadas não consistentes com o que você quer".


5. O quinto mandamento a ser seguido é:
"Programe seu futuro criando memórias para seu futuro, em sua Linha do Tempo".


6. O sexto mandamento a ser seguido é:
"Alinhe seus pensamentos com suas metas".


7. O sétimo mandamento a ser seguido é:
"Execute tudo a 100%".

De volta aos rostos

Diego Viana

Quase esqueci dos outros. A Terra está apinhada de gente, mas todos já iam sumindo da minha memória. Uma semana inteira com os olhos voltados para dentro bastou para que eu me isolasse do mundo. Eu, que gosto tanto das fisionomias, das expressões, das histórias de vida que os rostos não conseguem esconder. Dias a fio, sem contato com ninguém além dos comerciantes da rua. Mas os comerciantes não são outros. São os mesmos de sempre, estão sempre ali. Têm seus nomes, suas profissões, seus postos na minha realidade. Os outros são imagens no desfile cotidiano de faces, que procuramos não encarar. Anônimas, dizemos, cretinos que somos. Elas não são anônimas. Cada uma cultiva seu orgulho do nome a que responde. Cada uma carrega no bolso uma carteira puída, com números a preencher em formulários. Cada uma inventou – e não esqueceu – um punhado de senhas, para abrir as portas da vida social. Cada rosto desses é tão anônimo quanto o meu. E, como o meu, reconhece um "eu" como centro de seu universo.Ao reencontrar as fisionomias, sou tomado pelo alívio. Estão todos ali, onde deveriam estar, indiferentes, na plataforma do metrô. Vejo-as congeladas, num estranho estado de suspensão, enquanto esperam o trem para subir. Também eu estou em estado de suspensão. Oscilo, pendular, na mesma freqüência dos demais. Congelado, na plataforma do metrô. Só que eles não me olham, e eu olho para eles. São relances, olhares curtos e furtivos como os dos criminosos e dos amantes tímidos. Quando percebem que alguém ali os contempla vagamente, ficam incomodados, afastam-se, franzem a testa. Ofendidos, há até os que gesticulam e se põem a ameaçar, aos berros. Melhor ter cuidado. Eu mesmo, na verdade, tampouco gosto que me olhem. Não sei o que pode buscar um olhar perscrutador nesta fisionomia carrancuda, de manhã, esperando o trem. Detesto que tentem decifrar minha vida pelas linhas de minha preocupação, como eu tento ler as rugas desses desconhecidos todos. Sou assim. Inconsistente. Rejeito meu papel no anonimato.Como é prático atribuir a cada corpo desses um anonimato generalizado! É cínico, é injusto, mas é prático. De um gesto, cria-se a massa. Inerte e pluricelular, uma forma cuja agitação não tem sentido e se pode ignorar. Condená-los ao anonimato parece expiar a culpa do isolamento. Se não têm nome, não são indivíduos, não vivem histórias que mudem com o dia. Manter-se afastado durante uma semana não é perda alguma, não é nada. Falar em massa, sufocar os nomes, é colocar-se em outro plano. O único plano individual, em que o eu é legítimo e a vida deve se conservar. Melhor. A ilusão é um caminho justo para a paz de espírito. Pois mais vale encher de enfeites esta margem que me cabe na existência, que desesperar dos muros altos do entorno.Assim se apresenta o estranho gosto pelos rostos meus estranhos. Misto de curiosidade e desprezo, despeito e orgulho. Em comum, todos eles traçam biombos imaginários para resguardar a intimidade. Em pleno transporte público. Todos têm nuvens diante dos olhos. Há os sérios, de pensamentos distantes, solitários no rumo das funções. E há os grupos, os pares, os casais, os amigos. Falam, gesticulam, movimentam-se. Incomodam os sérios, porque parecem mais leves, embora sofram tanto quanto cada um. Há os espalhados, jovens garbosos: ainda não entenderam que seu universo é só mais um canto escuro. Há os pequenos, humildes, escondidos nos assentos porque desistiram de crer no próprio mundo. Há os leitores insondáveis, os músicos tristonhos, os pedintes em profusão. Em comum, o fato de que não sei como se chamam. Tento adivinhar, examino as fisionomias, invento nomes para todos. Nomes brasileiros, em geral. Até me dar conta de que dificilmente alguém se chama assim. Invento outros nomes, agora internacionais. Como um despótico Adão, batizo-os. De todas as pessoas que convivem naquele parco espaço, uma apenas não é renomeada pela minha imaginação doentia. Ora, eu conheço meu verdadeiro nome. Não teria por que escolher outro. Mas dentre eles todos, não há um que saiba quem sou. Nem há quem invente um nome para mim. Entre as criaturas que batizei, eu mesmo sirvo apenas para compor a massa.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A Sombra

Carl G. Jung

A sombra inclui tudo o que há de sombrio, de escuro, de tenebroso em nós. Forma-se à medida que se formam ego e persona. Todas as repressões ocorridas durante formação da persona vão ficando parte dela.
Reprimimos, em geral, as qualidades consideradas menos boas, menos desejáveis ou francamente más. Assim, todos os nossos defeitos, todas as nossas falhas, todas as nossas inclinações indejáveis mesmo, fazem parte da sombra, integram esse elemento de nosso inconsciente.
Conhecer a própria sombra é o mínimo que uma pessoa pode fazer, por si mesma e pelos outros, diz Jung; de maneira que quem chegar a esse conhecimento já terá feito uma coisa de alto valor no sentido humano.
Grande parte das fofocas, ou todas as fofocas, ou a parte pior das fofocas, se quizermos, está relacionada com alguma projeção de sombra, é um problema dessa projeção.
Quem não se conhece nem a este nível, de sua sombra pessoal, projeta-a nos outros. Como em geral cada um projeta a sua sombra em muitos, explica-se grande parte, também, de todo o mal-entendimento entre os seres humanos. E quando alguém, convivendo com outro, nele só vê defeitos, o focaliza como a ruindade em pessoa, psicologicamente podemos ter grande suspeita de que esse primeiro indivíduo está projetando sua sombra no segundo.

Onde encontrar a Sabedoria

*
Uma velha lenda hindu nos conta que houve um tempo em que todos os homens na Terra eram deuses, mas que eles pecaram e abusaram tanto do Divino, que Brahma, o deus dos deuses, decidiu que a "cabeça de deus" seria tirada dos homens e escondida em algum lugar onde eles jamais pudessem encontrá-la e abusar dela.
Um dos deuses disse: "Vamos enterrá-la bem fundo no chão."
Brahma disse: "Não, o homem vai cavar a terra e encontrá-la."
Outro deus então disse: "Vamos colocá-la no mais fundo oceano."
Brahma disse: "Não, o homem aprenderá a mergulhar e poderá encontrá-la algum dia."
Um terceiro deus sugeriu: "Porque não a escondemos na mais alta montanha ?"
Brahma disse: "Não, o homem pode escalar a mais alta montanha. Tenho um lugar melhor. Vamos escondê-la no próprio homem. É um lugar onde ele jamais pensará procurá-la."

Conceito empírico de imortalidade

Jaqueline Negreiros

"Pequenina do coração, ser criança é como uma gaivota livre, seu encanto é seu olhar... seu olhar de amor... pequenina, teu sorriso..."

Não se espante se você não conhece esta canção de ninar. É muito antiga (tem de 25 à 30 anos para ser mais exata) de um grupo sueco chamado ABBA. Foi gravado pela Perla e acredito ter sido adaptada em português por meu pai (estilo "canto sem saber a letra").
Originalmente esta música não é uma canção de ninar e a letra descrita acima tampouco corresponde à original, mas para mim foi! Parece piegas, mas todas as canções de ninar que meu pai cantarolava pra nós (eu e minha irmã) eram músicas que faziam parte do repertório dos seus ídolos da época, tais como: Elvis, João Mineiro e Marciano, os Golden Boys - não me perguntem quem são pois não saberei responder - e tantas outras "raridades" dos anos 70.
Como não conhecia nenhuma música infantil era com essas que meu pai nos fazia adormecer, em especial "Chiquitita" da Perla.
Hoje, anos depois, mesmo tendo aprendido diversas cantigas infantis, canto essa mesma música para minha filha que, por imitação, canta para a "Sansona" (versão feminina do Sansão, coelho da Mônica)
"Chiquitita" deixou de ser apenas uma simples música passando a adquirir um Significado (significado de infância, de amor, de tranquilidade...) que a fez "imortal".
Portanto, da mesma maneira que uma música torna-se imortal pelo seu significado ( que fica na memória, fica no sentimento, ultrapassa gerações) assim também nos tornamos imortais. Para isso, não devemos ser uma "simples música" e somente viver a vida. Devemos dar à vida um Significado para que ela não seja apenas uma "simples vida".

domingo, 20 de janeiro de 2008

Evolução espiritual

*
Entramos num século em que futilidade se cruza com evolução espiritual. Enquanto por um lado procuramos cada vez mais sustentar nossos vícios e necessidades materiais e físicas, por outro começamos a apercebermo-nos de que a abertura espiritual é uma necessidade, capaz por si só de nos oferecer o bem-estar maior de todos. Enquanto que o alcance de uma satisfação física ou material é momentânea e passado pouco tempo já não nos satisfaz, precisamos partir em busca de uma nova satisfação, a espiritualidade quando bem orientada dá-nos a conhecer a satisfação de um estado de bem-estar que se conquista gradualmente mas, que permanece tornando a nossa vida repleta de experiências que nos enriquecem interiormente. As riquezas que acumulamos materialmente não transitam conosco aquando da morte física, enquanto que as experiências espirituais, a que ainda tão poucos dão verdadeira importância, não apenas nos acompanham como nos auxiliam nessa transição. Não existe razão alguma válida que sustente a necessidade de possuir bens materias em quantidades absurdas, se levarmos em conta o que foi transcrito no parágrafo anterior, apenas o vazio da futilidade e da vaidade de um ego e orgulho exacerbado poderá conceber validade onde não existe. Unicamente a sabedoria espiritual pode ser mantida e acumulada vida após vida e como um verdadeiro tesouro guardada no mais profundo de nossa verdadeira essência, podendo ser acessada sempre que necessário. Enquanto os bens materiais acumulados durante uma vida, após a morte física, perdem-se no tempo e no espaço.
Tudo tem um tempo certo para acontecer, depende apenas de cada um iniciar a busca de seu verdadeiro propósito nesta vida, sem se preocupar com a de ontem ou a de amanhã, uma vez que neste momento a única que é real é a atual e nenhuma outra.

O que você vê?

Martha Medeiros





E o que é que ela vê nele? Nossos amigos se interrogam sobre nossas escolhas, e nós fazemos o mesmo em relação às escolhas deles. O que é, caramba, que aquele Fulano tem de especial? E qual será o encanto secreto da Beltrana?
Vou contar o que ela vê nele: ela vê tudo o que não conseguiu ver no próprio pai, ela vê uma serenidade rara e isso é mais importante do que o Porsche que ele não tem, ela vê que ele se emociona com pequenos gestos e se revolta com injustiças, ela vê uma pinta no ombro esquerdo que estranhamente ninguém repara, ela vê que ele faz tudo para que ela fique contente, ela vê que os olhos dele franzem na hora de ler um livro e mesmo assim o teimoso não procura um oftalmologista, ela vê que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, que ele parece um lorde numa mesa de restaurante mas é desajeitado pra se vestir, ela vê que ele não dá a mínima para comportamentos padrões, ela vê que ele é um sonhador incorrigível, ela o vê chorando, ela o vê nu, ela o vê no que ele tem de invisível para todos os outros.
Agora vou contar o que ele vê nela: ele vê, sim, que o corpo dela não é nem de longe parecido com o da Daniella Cicarelli, mas vê que ela tem uma coxa roliça e uma boca que sorri mais para um lado do que para o outro, e vê que ela, do jeito que é, preenche todas as suas carências do passado, e vê que ela precisa dele e isso o faz sentir importante, e vê que ela até hoje não aprendeu a fazer um rabo-de-cavalo decente, mas faz um cafuné que deveria ser patenteado, e vê que ela boceja só de pensar na palavra bocejo e que faz parecer que é sempre primavera, de tanto que gosta de flores em casa, e ele vê que ela é tão insegura quanto ele e é humana como todos, vê que ela é livre e poderia estar com qualquer outra pessoa, mas é ao seu lado que está, e vê que ela se preocupa quando ele chega tarde e não se preocupa se ele não diz que a ama de 10 em 10 minutos, e por isso ele a ama mesmo que ninguém entenda.

Religião não se discute, se vive!

Jaqueline Negreiros










O fruto proibido - Michelângelo


Somos filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança, portanto possuímos a divindade dentro de nós."Deus está dentro de vós. Procurai e achareis." Temos poderes criadores, todos somos um. Somos co-criadores do nosso destino. Por isso Deus nos deu nosso maior dom: o livre arbítrio. A liberdade de escolher em criar o bem ou criar o mal.
Deixamos de ter essa unicidade com Deus, a consciência de que tudo faz parte de uma coisa só, devido ao "pecado original" que nos fez acreditar existir um "EU"separado.
Esse EU que pensamos ser nós, é a causa de todo sofrimento humano. Tendo consciência desse fato podemos contribuir,através de nossas escolhas, para criar uma sociedade harmoniosa à caminho da evolução.
A Psicologia nos ajuda a compreender os mecanismos existentes da personalidade, as estruturas do nosso EU, tornando possíveis através deste conhecimento eliminar conscientemente estas estruturas a fim de retornarmos à nossa verdadeira essência.
A Educação deveria estar ciente dessa condição básica do ser humano e orientá-lo para o pleno desenvolvimento de todo seu potencial divino.
A Sociologia, além de analisar os fatos sociais deveria nos servir como termômetro alertando-nos sempre que estivermos no caminho "errado" e nos oferecer uma "luz no fim do túnel"que nos faça retornar ao caminho que nos conduzirá ao nosso grande objetivo: conhecer a Verdade. A Verdade sempre buscada pela Filosofia.
Cabe à História registrar os fatos para serem lembrados a fim de evitar que se cometam os mesmos erros.
Enfim, a razão de existir das diversas ciências é a de nos abrir os olhos para o verdadeiro caminho do Conhecimento que leva à Deus. Todos nós podemos contribuir nessa caminhada. Como a Bíblia mesmo nos diz: "são diversos os caminhos que levam à Deus".
Ter Religião é adotar uma filosofia de vida que tenha como finalidade única fazer o bem. O que mais importa é o modo como você vive, as coisas boas que planta.
Mesmo que não acredite em ressurreição, reencarnação ou em "Paraíso Celeste", pratique somente coisas boas. Cultive o Bom, o Belo, o Justo, porque uma coisa é certa... até para servir de adubo é necessário ter boa qualidade.

Eu e Renoir...

Jaqueline Negreiros

É interessante perceber como alguns objetos, cheiros e músicas nos remetem às lembranças do passado.

No pequeno apartamento em que morávamos, na capital de São Paulo, havia pregado na parede um quadro que retratava uma menina de cabelos longos e tinha em suas mãos uma fita vermelha.Durante muitos anos convivi com esta pintura sem tomar conhecimento de sua autoria. Quando questionava quem era, meus pais em tom de "narrativa infantil" limitavam-se a dizer:-"É você, minha filha". O interessante é que a mesma resposta era dada para minha irmã e eu nem sequer questionava sua veracidade. Me dava por satisfeita em saber que tinha uma pintura feita pra mim.

Quando fiquei um pouco "maior" dizia para os meus pais que a menina da pintura em nada se parecia comigo e, notando minha cara de decepção, insistiam veemente em afirmar que eu estava equivocada. Para dar mais realismo à estória, ou talvez para me poupar de uma resposta negativa, meu pai tratou de fabricar uma pulseira prateada igual a que a menina da pintura usava.

Fim de caso. Estava totalmente convencida do meu retrato na pintura. As pulseiras eram exatamente iguais!

Depois de anos, já adulta, pesquisando algumas pinturas na internet, me deparei com esse mesmo quadro e notei realmente que não havia nenhuma semelhança comigo, exceto as pulseiras. Vieram todas as lembranças da minha infância...nosso quarto, meu e de minha irmã, que tantas vezes nos serviu de cenário para as nossas brincadeiras, a sala com suas cortinas brancas onde nossa gatinha mostrava suas "habilidades marciais", a cozinha que, em dias especiais, exalava um cheiro muito bom do bolo de rum que minha mãe fazia... e o quadro sempre lá...com a "menina" nos observando...o meu retrato pendurado na parede fazendo parte da nossa história...

E, como costuma-se dizer, "somos o que pensamos ser", não tive dúvidas... Renoir fez uma pintura especialmente para mim...

(ignore o fato da pintura anteceder quase um século ao meu nascimento!)

sábado, 19 de janeiro de 2008

Pontos de vista

*
Uma vez uma companhia enviou um vendedor de sapatos a uma cidade na África aonde ele nunca tinha vendido.Ele era um dos vendedores mais antigos e experientes, e esperavam grandes resultados.Logo após sua chegada à Africa, o vendedor escreveu para a companhia dizendo:
- É melhor vocês me chamarem de volta. Aqui ninguém usa sapatos.
Foi chamado de volta.A companhia decidiu então enviar um outro vendedor que não possuía muita experiência, mas era dotado de grande entusiasmo.A companhia achava que ele seria capaz de vender alguns pares de sapatos.
Pouco depois de sua chegada ele enviou um telegrama urgente para a firma dizendo:
- Por favor, enviem todos os sapatos disponíveis. Aqui ninguém usa sapatos!

a.d.

A Novidade


Herbert Viana

A novidade veio dar à praia
Na qualidade rara de sereia
Metade, o busto de uma deusa maia
Metade, um grande rabo de baleia
A novidade era o máximo
Do paradoxo estendido na areia
Alguns a desejar seus beijos de deusa
Outros a desejar seu rabo pra ceia
E a novidade que seria um sonho
O milagre risonho da sereia
Virava um pesadelo tão medonho
Ali naquela praia, ali na areia
A novidade era a guerra
Entre o feliz poeta e o esfomeado
Estraçalhando uma sereia bonita
Despedaçando o sonho pra cada lado
Ó, mundo tão desigual
Tudo é tão desigual
Ó, de um lado este carnaval
Do outro a fome total...


Uma feliz analogia sobre a tecnologia...

Conhece-te a ti mesmo

"Nenhum líder vai nos dar paz, nenhum governo, nenhum exército, nenhum país. O que nos vai dar paz é a transformação interior que nos conduzirá à ação exterior. A transformação interior não é isolamento, desistência da ação exterior. Ao contrário, só pode haver a ação correta quando há o pensamento correto, e não existe pensamento correto quando não existe autoconhecimento. Sem conhecer a si mesmo, não existe paz."

(Krishnamurti)

A Caixa de Pandora

Conta na Mitologia Grega que os deuses criaram uma mulher chamada Pandora. Ela era a mulher ideal, com dons doados pelos deuses (como por exemplo, a beleza e a argúcia) para fazer o homem se perder. Era um castigo de Zeus. Pandora trouxe consigo de presente uma caixa, que jamais deveria ser aberta; porém, era também de sua natureza a curiosidade, então, ela abriu a tal caixa escapando todos os males da humanidade. Quando percebeu o que estava acontecendo fechou-a rapidamente mantendo dentro dela apenas a Esperança.
Assim, desde então, para o ser humano viver ele precisa de criatividade e esperança. A cada momento precisamos encontrar soluções criativas para as mais diversas situações que vivemos; porém, só temos condições de usar o máximo de nossa criatividade quando temos acesso à esperança dentro de nós. Por isto, pode perceber que a esperança é o ingrediente fundamental para o desenvolvimento da vida do ser humano.
Sempre que for preciso, abra a "caixa de Pandora"!

Abelha ou mosca?

A abelha sempre procura o mel na flor enquanto a mosca procura o sujeira e objetos podres. Do mesmo modo, um homem bom enxerga boas qualidades nos outros, porém, um tolo e pecaminoso observa os erros e os defeitos alheios.
Você pode escolher como quer ser...

A Escola dos Bichos

Conta-se que vários bichos decidiram fundar uma escola.
Para isso reuniram-se e começaram a escolher as disciplinas.
O Pássaro insistiu para que houvesse aulas de vôo.
O Esquilo achou que a subida perpendicular em árvores era fundamental.
E o Coelho queria de qualquer jeito que a corrida fosse incluída.
E assim foi feito, incluíram tudo, mas...cometeram um grande erro. Insistiram para que todos os bichos praticassem todos os cursos oferecidos.
O Coelho foi magnífico na corrida, ninguém corria como ele. Mas queriam ensiná-lo a voar.Colocaram-no numa árvore e disseram: "Voa,Coelho". Ele saltou lá de cima e "pluft"...coitadinho! Quebrou as pernas. O Coelho não aprendeu a voar e acabou sem poder correr também.
O Pássaro voava como nenhum outro, mas o obrigaram a cavar buracos como uma toupeira.Quebrou o bico e as asas, e depois não conseguia voar tão bem, e nem mais cavar buracos.
SABE DE UMA COISA?
Todos nós somos diferentes uns dos outros e cada um tem suas próprias qualidades.
Não podemos exigir ou forçar para que as outras pessoas sejam parecidas conosco pois, se assim agirmos, acabaremos fazendo com que elas sofram, e no final, elas poderão não ser o que queríamos que fossem e ainda pior, elas poderão não mais fazer o que faziam bem feito.

O estereótipo do "homem macho"

Jaqueline Negreiros

Há uma ideologia, herdada do patriarcado, do que deva ser um homem. Ele é, nessa visão, o condutor, o provedor, o juiz, o protetor, o defensor, o conquistador.
Para serem bons atores dessa ideologia, os homens têm que passar por um processo de adestramento que leva muitos anos e começa desde cedo. Brincam de coisas agressivas, "marcam territórios", brigam usando mais o físico do que os neurônios, jogam esportes violentos, desprezam as meninas como fracas e jamais se misturam com elas para imaginar coisas sensíveis, simbolizarem ritos domésticos ou simplesmente conversarem. Quando começam a sentir permissão para se aproximar, é com o intuito de "colecioná-las", de mostrar aos iguais seu poder sedutor , de usá-las para algum proveito próprio.
Amigos de verdade, em geral, não têm, porque um amigo é sempre um confidente e homens não trocam confidências. Homens tem companheiros, com quem bebem cervejas e vão ao futebol!
Em geral não gostam de mostrar sentimentos. Isso é identificado com fraqueza. Homens não choram ou, se o fazem, choram escondidos.
O resultado de tudo isso é que se tornam mais fracos. Morrem mais cedo, adoecem mais do coração, enlouquecem mais porque estão envenenados de dores que não podem externalizar e de alegrias que não podem gritar (exceto na hora do jogo).
Essas características soam algo patéticas, em um mundo que não precisa mais delas .Esses senhores fortes foram totalmente desmoralizados pelos desnudamentos da psicanálise ,pelas ciências sociais, pelos estudos antropológicos e, principalmente, pela ascensão das mulheres. Enquanto eles jogavam, bebiam suas cervejas, arrotavam alto, corriam loucamente nas motos e automóveis e morriam nas guerras, confirmando todos os clichês, elas estudavam, se reuniam, ascendiam por dedicação profissional e conquistavam o mundo.
Os homens sentem-se roubados! Já não têm coragem de ser o que eram e não fazem a menor idéia do que são! Isso gera uma enorme carga de frustração e agressividade.
Nunca tiveram muita relevância como pais e rejeitaram tudo o que é doméstico. No mundo fora do lar também acabaram perdendo importância por terem visto como fraqueza as atividades intelectuais, especialmente nas áreas das humanidades. Repentinamente, mergulharam em um mundo altamente complexo, que exige novamente o conhecimento do generalista ao lado da especialidade. Desprezaram as emoções e acabaram dando de cara com um mercado de trabalho que seleciona a partir de testes de Q.E. (Quociente Emocional). Que lhes sobrou? Que restou para eles, frutos de uma ideologia anacrônica, de uma horrorosa educação dessensibilizante, da perda progressiva e percebida de todos os tronos? Sobrou-lhes a raiva, a violência!
É um dos casos típicos em que a falta de auto-estima redunda em falta de estima pelos demais.
É preciso ressignificar o masculino, ressocializar o homem, permitir-lhe os sentimentos, dar-lhe licença para o exercício da fragilidade, ajudá-lo a aprender a rir e chorar, ao lado de reforçar as conquistas positivas do feminino, evitando as contaminações do estereótipo recusado, é o mais competente exercício educativo que se pode fazer para reduzir a violência disseminada e melhorar o mundo em que vivemos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Você é o que ninguém vê

"...Você é os brinquedos que brincou,
é os nervos a flor da pele,
os segredos que guardou,
você é sua praia preferida,
aquele amor atordoado que viveu,
a conversa séria que teve um dia com seu pai,
você é o que você lembra...
Você é a saudade que sente da sua mãe,
o sonho desfeito quase no altar,
a infância que você recorda,
a dor de não ter dado certo,
de não ter falado na hora,
você é aquilo que foi amputado no passado,
a emoção de um trecho de livro,
a cena de rua que lhe arrancou lágrimas,
você é o que você chora...
Você é o abraço inesperado,
a força dada para o amigo que precisa,
você é o pêlo do braço que eriça,
a sensibilidade que grita,
o carinho que permuta,
você é a palavras dita para ajudar,
os gritos destrancados da garganta,
os pedaços que junta,
você é o orgasmo,
a gargalhada,
o beijo,
você é o que você desnuda...
Você é a raiva de não ter alcançado,
a impotência de não conseguir mudar,
você é o desprezo pelo o que os outros mentem,
o desapontamento com o governo,
o ódio que tudo isso dá,
você é aquele que rema,
que cansado não desiste,
você é a indignação como lixo jogado do carro,
a ardência da revolta,
você é o que você queima...
Você é aquilo que reivindica,
o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta,
você é os direitos que tem,
os deveres que se obriga,
você é a estrada por onde corre atrás,
serpenteia, atalha, busca,
você é o que você pleiteia...
Você não é só o que come e o que veste.
Você é o que você requer,
recruta,
rabisca,
traga,
goza
e lê.
Você é o que ninguém vê..."
(Martha Medeiros)

A Arte da Sabedoria

"Aquele que conhece os outros é sábio.
Aquele que conhece a si mesmo é iluminado.
Aquele que vence os outros é forte.
Aquele que vence a si mesmo é poderoso.
Aquele que conhece a alegria é rico.
Aquele que conserva o seu caminho tem vontade.
Seja humilde, e permanecerás íntegro.
Curva-te, e permanecerás ereto.
Esvazia-te, e permanecerás repleto.
Gasta-te, e permanecerás novo.
O sábio não se exibe, e por isso brilha.
Ele não se faz notar, e por isso é notado.
Ele não se elogia, e por isso tem mérito.
E, porque não está competindo,
ninguém no mundo pode competir com ele."

***Lao Tsé - Tao Te Ching***

A cidade e os livros

Antônio Cícero


O Rio parecia inesgotável
àquele adolescente que era eu.
Sozinho entrar no ônibus Castelo,
saltar no fim da linha, andar sem medo
no centro da cidade proibida,
em meio à multidão que nem notava
que eu não lhe pertencia - e de repente,
anônimo entre anônimos, notar
eufórico que sim, que pertencia
a ela, e ela a mim -, entrar em becos,
travessas, avenidas, galerias,
cinemas, livrarias: Leonardo
da Vinci Larga Rex Central Colombo
Marrecas Íris Meio-Dia Cosmos
Alfândega Cruzeiro Carioca
Marrocos Passos Civilização
Cavé Saara São José Rosário
Passeio Público Ouvidor Padrão
Vitória Lavradio Cinelândia:
lugares que antes eu nem conhecia
abriam-se em esquinas infinitas
de ruas doravante prolongáveis
por todas as cidades que existiam.
Eu só sentira algo semelhante
ao perceber que os livros dos adultos
também me interessavam: que em princípio
haviam sido escritos para mim
os livros todos. Hoje é diferente,
pois todas as cidades encolheram,
são previsíveis, dão claustrofobia
e até dariam tédio, se não fossem
os livros infinitos que contêm.

Doze pontos

*
Você Quer Ser Gente, Mesmo?
Então decore e vivencie estes 12 pontos:

1º Ponto - Três coisas devemos cultivar:
o esforço
a verdade
a perseverança

2º Ponto - Três qualidades devemos preservar:
o caráter
a nobreza
um cristalino coração de criança

3º Ponto - Três colunas devemos manter de pé, a todo custo:
a calma
o otimismo
a serenidade

4º Ponto - Três flores devemos plantar:
a justiça
o bem
a cordialidade

5º Ponto - Três tesouros devemos adquirir:
bons livros
bons discos
alegria, para não desafinar na orquestra da vida

6º Ponto - Três vampiros devemos expulsar de casa:
a cobiça
o medo
o rancor, sugadores de nosso sangue e energias

7º Ponto - Em três fontes inesgotáveis devemos beber:
no verde da natureza
no azul do céu
na majestade indômita do mar

8º Ponto - Três bandidos (ladrões) devemos matar, antes que eles nos matem:
o pessimismo
a covardia
o desânimo

9º Ponto - Três legados preciosos devemos defender:
a honra
a pátria
os amigos

10º Ponto - Três diamantes devemos burilar:
o trabalho
a prece
o silêncio

11º Ponto - Três galhos devemos podar:
a língua
a indisciplina
a maledicência

12º Ponto - Três irmãs gêmeas devemos nutrir:
a fé
o amor
a esperança

O que você quer ser quando crescer?

Jaqueline Negreiros

Desde pequenos somos estimulados a nos posicionar sobre essa questão. Nada demais se essa escolha for feita por nós de acordo com nossas habilidades, mas em geral não é isso que acontece.
Temos que corresponder às expectativas dos nossos pais e da sociedade com medo de não sermos amados e, conseqüentemente, rejeitados. Acabamos por nos anular mesmo que inconscientemente só para sermos aceitos, porque nos cremos sem valor, carentes da validação alheia.
Quantos de nós fomos responsáveis por nossas escolhas?
O desejo permanente de aprovação nos intimida a ousadia, nos castra a criatividade, nos apavora com a possibilidade de sairmos do "rebanho", de diferirmos, de dissentirmos, de contestarmos.Várias são as pessoas que se deixaram conduzir... Um dentista que sonhava em ser médico, uma dona-de-casa que sonhava ser jornalista, um engenheiro que sonhava ser músico... Enfim, pessoas que abriram mão dos seus sonhos e que depois de tentarem, durante anos, se encaixar no "personagem"que lhe impuseram, descobrem-se frustradas. Sofrem muito, pela vida afora, por causa disso.
Portanto faça suas escolhas, porque, se você não as fizer, os outros farão isso por você.

Lembre-se:

"Para um barco sem rumo, qualquer vento serve"... podendo correr o risco de ficar à deriva!!!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

ela por ela mesma...

Jaqueline Negreiros

Uma mulher de trinta.
Com suas certezas e dúvidas.
Uma mulher que aos poucos aprende a conviver com as primeiras rugas e cabelos brancos.
Uma criança feliz, que adora rir à toa e falar bobagem.
Uma adulta em processo de reflexão, que adora discutir sobre coisa séria, principalmente sobre a complexidade do ser humano e suas relações.
Uma pessoa humana que sabe de suas limitações e fraquezas, mas também valoriza suas virtudes.
Uma mulher que não tem mais paciência para relacionamentos de mentira, que não gosta de meias-palavras, que gosta de jogar limpo e de ver as cartas na mesa.
Uma pessoa que ama, seus poucos, mas verdadeiros amigos.
Uma mulher casada que conseguiu encontrar sua "cara-metade", que tem com quem dividir sua cama e seus sonhos.
Uma mulher que realizou seus maiores projetos - seu filhos.
Enfim, alguém que a cada dia procura tirar uma nova lição na universidade da vida.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Para que serve um amigo?

*
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu ultimo livro,”A Identidade”, que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu.
Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que esta sendo construído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridas numa chuva de verão.
Veremos:
Um amigo não racha apenas a gasolina.
Racha lembranças, crises de choro, experiências.Racha a culpa, racha segredos.
Um amigo não empresta apenas a prancha.
Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo,empresta o calor e a jaqueta.
Um amigo não recomenda apenas um disco.
Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.
Um amigo não dá carona apenas pra festa.
Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.
Um amigo não passa apenas cola.
Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon.
Um amigo não caminha apenas no shopping.
Anda em silencio na dor, entra contigo em campo,sai do fracasso ao teu lado.
Um amigo não segura a barra, apenas.
Segura a mão, a ausência, segura uma confissão,segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem.
Se tiver um, amém!

Martha Medeiros

O que "os Outros" vão pensar

Martha Medeiros

É admirável o esforço que os meios de comunicação estão fazendo para conscientizar a sociedade sobre a importância de proteger as crianças.Mas, pra ser franca, quando eu era pequena não tinha medo nenhum de bicho-papão,mula-sem-cabeça ou de bruxa malvada. Quem me aterrorizava era outro tipo de monstro. Eles atacavam em bando. Chamavam-se Os Outros.Nada podia ser mais danoso que Os Outros. As crianças acordavam de manhã já pensando neles. Quer dizer, as crianças não: as mamães. Era com os outros que elas nos ameaçavam caso não nos comportássemos direito. Se não estudássemos, Os Outros nos chamariam de burros. Se não fôssemos amigos de toda a classe, os Outros nos apelidariam de bicho-do-mato. Se não emprestássemos nossos brinquedos, Os Outros nunca mais brincariam conosco.E o pior é que as mães não mantinham a lógica do seu pensamento. “Mas mãe, todo mundo dorme na casa dos amigos” “Eu lá quero saber dos Outros? Só me interessa você!” Era de pirar a cabeça de qualquer um. Não víamos a hora de crescer para nos vermos livres daquela perseguição.
Veio a adolescência, e que desespero: descobrimos que os Outros estavam mais fortes do que nunca, ávidos por liquidar com nossa reputação. “Você vai na festa com esta calça toda furada? O que Os Outros vão dizer?” “Filha minha não viaja sozinha com o namorado, não vou deixar que vire comentário na boca dos Outros”.Não tinha escapatória: aos poucos fomos descobrindo que os outros habitavam o planeta inteiro, estavam de olho em todas as nossas ações, prontos para criticar nossas atitudes e ferrar com nossa felicidade.
Hoje eles já não nos assustam tanto. Passamos por poucas e boas e, no final das contas, a opinião deles não mudou o rumo a nossa história. Mas ninguém em sã consciência pode se considerar totalmente indiferente a eles. os outros ainda dizem horrores de nós. Ainda têm o poder de nos etiquetar, de nos estigmatizar. A gente bem que tenta não levá-los a sério, mas sempre que bate uma vontade de entregar os pontos ou de chorar no meio de uma discussão, pensamos: “Não vou dar este gostinho para Os Outros”.

Falta de tempo

Mário Quintana

A vida são deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas…Quando se vê, já é sexta-feira…Quando se vê, já terminou o ano..Quando se vê, passaram-se 50 anos…
Agora, é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado um dia,outra oportunidade,eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Dessa forma, eu digo:não deixe de fazer algo que gosta devido a falta de tempo.
A única falta que terá será desse tempo que infelizmente não voltará mais.

A Bagagem

Quando sua vida começa, você tem apenas uma mala pequenina de mão.
À medida que os anos vão passando, a bagagem vai aumentando porque existem muitas coisas que você recolhe pelo caminho. Isto, pelo fato de pensar que são importantes .
Num determinado ponto do caminho começa a ficar insuportável carregar tantas coisas, pesa demais. Então você pode escolher : ficar sentado a beira do caminho esperando que alguém o ajude, o que é difícil, pois todos que passarem por ali já terão sua própria bagagem; ficar a vida inteira esperando, até que seus dias acabem; ou você pode aliviar o peso, esvaziar a mala.
Mas, o que tirar ?
Você começa tirando tudo para fora.
Veja o que há dentro: Amor, Amizade … nossa! Tem bastante disso. Curiosamente, não pesa nada…
Tem algo pesado … você faz força para tirar… Era a Raiva - como ela pesa!
Aí você começa a tirar, tirar, e aparecem a Incompreensão, Medo, Pessimismo.
Nesse momento, o Desânimo quase o puxa pra dentro da mala, mas você puxa-o para fora com toda a força, e no fundo da mala aparece um Sorriso, que estava sufocado no fundo da sua bagagem.
Pula para fora outro sorriso e mais outro, e aí sai a Felicidade!
Aí você coloca as mãos dentro da mala de novo e tira pra fora a Tristeza.
Agora, você vai ter que procurar a Paciência dentro da mala, pois vai precisar bastante.
Procure então o resto: a Força, Esperança, Coragem, Entusiasmo, Equilíbrio, Responsabilidade, Tolerância e o Bom e Velho Humor.
Tire a Preocupação também. Deixe de lado. Depois você pensa o que fazer com ela.
Bem, sua bagagem está pronta para ser arrumada de novo, mas pense bem o que vai colocar lá dentro de novo!
Agora é contigo.
E não esqueça de fazer isso mais vezes, pois o caminho é MUITO, MUITO LONGO …


a.d.

O sucesso é ser feliz

Roberto Shinyashiki

“A felicidade vem à nossa vida por ação reflexa, pois é a felicidade que criamos para os outros que se transforma em nossa alegria”.
“… Como as ondas do mar, a vida é dinâmica,e tão certa é a subida quanto a descida.Um movimento é complementar ao outro.
Cada momento tem sua beleza e saber apreciá-los constitui a base da FELICIDADE.Não desfrute somente o Sol, aprecie também a Lua.
A vida não acontece somente dentro de uma casa, de uma cidade, de um país;ela tem que ser experimentada dentro do Universo.
Felicidade é um jeito de viver.É uma experiência ligada à sabedoria.
Aproveite as oportunidades.Valorize o amor, o bom humor e a criatividade.
Lute pelos seus sonhos com quatro “D”s:Determinação, Dedicação, Disciplina e Desprendimento.
A vida depende de nós…Um dos maiores desafios da raça humana é evoluir do estágio que lhe garante a sobrevivência,para o estágio que lhe realize a existência.
O grande néctar da vida é a possibilidade de realizar o Divino que existe dentro de cada um de nós…”.

Versões de mim

L.F. Veríssimo

Vivemos cercados pelas nossas alternativas, pelo que podíamos ter sido.
Ah, se apenas tivéssemos acertado aquele número (Unzinho e eu ganhava a sena acumulada), topado aquele emprego, completado aquele curso, chegado antes, chegado depois, dito sim, dito não, ido para Londrina, casado com a Doralice, feito aquele teste…
Agora mesmo neste bar imaginário em que estou bebendo para esquecer o que não fiz - aliás, o nome do bar é Imaginário - sentou um cara do meu lado direito e se apresentou:
Eu sou você, se tivesse feito aquele teste no Botafogo.
E ele tem mesmo a minha idade e a minha cara. E o mesmo desconsolo.
Porquê? Sua vida não foi melhor do que a minha?
Durante um certo tempo, foi. Cheguei a titular.
Cheguei a seleção. Fiz um grande contrato. Levava uma grande vida. Até que um dia…
Eu sei, eu sei… disse alguém sentado ao lado dele.
Olhamos para o intrometido… Tinha a nossa idade e a nossa cara e não parecia mais feliz do que nós. Ele continuou:
Você hesitou entre sair e não sair do gol. Não saiu, levou o único gol do jogo, caiu em desgraça, largou o futebol e foi ser um medíocre propagandista.
Como é que você sabe?
Eu sou você, se tivesse saído do gol. Não só peguei a bola como me mandei para o ataque com tanta perfeição que fizemos o gol da vitória.
Fui considerado o herói do jogo. No jogo seguinte, hesitei entre me atirar nos pés de um atacante e não me atirar. Como era um herói, me atirei…
Levei um chute na cabeça. Não pude ser mais nada.
Nem propagandista.
Ganho uma miséria do INSS e só faço isto: bebo e me queixo da vida. Se não tivesse ido nos pés do atacante…
Ele chutaria para fora. Quem falou foi o outro sósia nosso, ao lado dele, que em seguida se apresentou.
Eu sou você se não tivesse ido naquela bola. Não faria diferença. Não seria gol. Minha carreira continuou. Fiquei cada vez mais famoso, e agora com fama de sortudo também. Fui vendido para o futebol europeu, por uma fábula.O primeiro goleiro brasileiro a ir jogar na Europa. Embarquei com festa no Rio…
E o que aconteceu? perguntamos os três em uníssono.
Lembra aquele avião da VARIG que caiu na chegada em Paris?
Você…
Morri com 28 anos.
Bem que tínhamos notado sua palidez.
Pensando bem, foi melhor não fazer aquele teste no Botafogo…
E ter levado o chute na cabeça…
Foi melhor, continuou, ter ido fazer o concurso para o serviço público naquele dia. Ah, se eu tivesse passado…
Você deve estar brincando.
Disse alguém sentado a minha esquerda. Tinha a minha cara, mas parecia mais velho e desanimado.
Quem é você?
Eu sou você, se tivesse entrado para o serviço público.
Vi que todas as banquetas do bar à esquerda dele estavam ocupadas por versões de mim no serviço público, uma mais desiludida do que a outra. As conseqüências de anos de decisões erradas, alianças fracassadas, pequenas traições, promoções negadas e frustração. Olhei em volta.
Eu lotava o bar.Todas as mesas estavam ocupadas por minhas alternativas e nenhuma parecia estar contente. Comentei com o barman que, no fim, quem estava com melhor aspecto, ali, era eu mesmo. O barman fez que sim com a cabeça, tristemente.
Só então notei que ele também tinha a minha cara, só com mais rugas.
Quem é você? perguntei.
Eu sou você, se tivesse casado com a Doralice.
E..?
Ele não respondeu. Só fez um sinal, com o dedão virado para baixo…
Creio que a vida não é feita das decisões que você não toma, ou as atitudes que você NÃO teve, mas sim, aquilo que foi feito!
Se bom ou não, penso, é melhor viver do futuro que do passado…

domingo, 13 de janeiro de 2008

Ser criança

Jaqueline Negreiros

Era bom ser criança no meu tempo. Hoje não sei como é, mas vejo que há muita realidade e pouca imaginação na vida dos pequenos. A minha infância era lúdica, a de hoje é eletrônica, rápida e cheia de preocupações. O mundo endureceu demais, e já não se faz mais infância como antigamente há algum tempo. Eu brincava na rua, pé no chão, correndo de um lado para o outro, me esfolando inteira... Todo dia tinha, pelo menos, um arranhão novo. Eu conhecia todas as crianças do meu bairro e a gente aprontava muito. Corríamos de cachorro, atropelávamos quem quer que passasse na nossa frente com nossas bicicletas, jogávamos queimada, brincávamos de pique, amarelinha ( com medo de ter que explicar isso), e tantas outras brincadeiras que nos mantinha na rua o dia todo. Hoje a coisa não funciona mais assim. Os brinquedos brincam sozinhos, os jogos são no computador ou no PlayStation, e não é mais necessário que haja outra criança pra brincar junto. A infância de hoje é triste e solitária. Talvez, pelo excesso de informação, não sei, não há mais espaço para flautinhas encantadas, donas baratinhas e rapunzéis. Não há mais príncipe, nem centopéia comprando sapatos, e muito menos cigarras e formigas enfrentando um inverno rigoroso. Temos pais ocupados demais para contar histórias antes de seus filhos dormirem, escolas que preparam para o vestibular desde o maternal .
Lamento muito por isso, lamento pelos meus filhos que, por mais que eu me esforce, não terão, nem de perto, uma infância tão bacana quanto a minha. Eu sei que as coisas mudam, mas é fato que às vezes mudam pra pior!

Festa de casamento

Jaqueline Negreiros

Não existe nada mais triste ultimamente para quem se casa do que fazer uma festa de casamento. A festa termina por ser somente para os convidados, porque para os recém casados é quase um teatro. Depois do esperado e desejado “ sim”, começa o martírio. O fotógrafo praticamente comanda o espetáculo. As noivas são obrigadas a fazer poses em árvores e os noivos perdem toda a festa obedecendo aos comandos dos fotógrafos. Quanto mais convidados se tem na festa, mais fotos você vai tirar, com certeza é algo para se pensar.Parte da culpa também é da equipe de filmagem que quer pegar a todo custo as melhores cenas da festa, nem que para isso precisem passar a festa inteira com a câmera no rosto dos noivos, da vontade de gritar.Quando se percebe os noivos estão esperando a equipe de filmagem e os fotógrafos indicarem o que fazer. Acaba totalmente a espontaneidade. Quando eles mandam cortar o bolo, os noivos cortam, dançar a valsa, os noivos dançam, fazer aquele brinde cruzado que é totalmente infeliz, os noivos fazem. Os noivos acabam perdendo toda a festa para concluir a encenação. De recordação fica só o "trauma" do dia "inesquecível".
E o AMOR??? Onde ele fica registrado??? Cadê os momentos de descontração, a troca de olhar apaixonado, o beijo "roubado", a alegria da comemoração entre amigos? Tudo se perde em meio à tanto formalismo... o brilho é somente das luzes e não dos olhares...
Sinceramente, nos perdemos do significado do casamento.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Poema em Linha Reta

Álvaro de Campos

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Estou farta de semideuses!!!